data-filename="retriever" style="width: 100%;">Essa é uma palavra que expressa a qualidade de um partido, de um grupo ou indivíduo cujo embasamento faz que ele possa exprimir-se em nome de alguém. Significa traduzir os interesses de um povo ou parte dele. Muito tem se falado sobre os efeitos da representatividade na vida das pessoas e da sociedade. Exemplo recente foi quando a Maju Coutinho assumiu o lugar de âncora em um dos principais noticiários nacionais. Logo após a jornalista apropriar-se desse espaço, circulou o vídeo de uma menininha demonstrando alegria ao identificar-se com ela. Esse é um exemplo claro da esperança da representatividade. Entretanto, existem representações negativas, as quais podem gerar estigmas que alimentam preconceitos e discriminações por séculos.
Esta semana, assistimos à triste história de um menino, portador de um tipo de nanismo, identificado como acondroplasia. Ao sofrer bulliyng em sua escola, pediu ajuda para sua progenitora para terminar com a própria vida. Eu, como mãe da Marília e sogra do Luan, também portadores dessa deficiência física, não consegui assistir. Entretanto, recordei situações vivenciadas desde o momento do diagnóstico da minha filha.
Iniciando esse processo, já para explicar o resultado dos exames, o médico teve a indelicadeza de proferir a seguinte pergunta: a senhora já foi no circo? Já viu palhaço? Então, é isso que a sua filha tem. Nada contra quem exerce essa atividade, desde que ele não insinuasse que essa seria, praticamente, a única saída para seu futuro.
A partir daquele instante, procurei pessoas com as mesmas características, visando identificar outras experiências. A única descoberta possível foi de que eram casos raros. A solução era construirmos, lentamente, nosso próprio caminho. Nos primeiros anos da escola, quando as diferenças de tamanhos eram imperceptíveis, não ocorreram muitas situações desagradáveis. Com o passar dos anos, notavam-se desconfortos. Nos ambientes públicos surgiam questionamentos repulsivos, gracinhas chatas, tentativas de fotos sem autorização, palpites irritantes ou demonstrações de piedade repugnantes. Até hoje existem os que defendem dizendo que é tudo "sem querer", ou utilizam a frase "é uma boa pessoa, não foi com intenção de magoar". Quem passa essa dor na pele, sabe das cicatrizes e reconhece, rapidamente, a presença ou não do sarcasmo no ato.
Nessa trajetória, enfrentamos olhares desconfiados, surpresos, debochados, inconvenientes. Dificilmente passamos despercebidas. Episódios incômodos que ultrapassam miradas. Lembro de quando ela ingressou no curso de Odontologia da UFSM e fui questionada de como havia permitido prestar vestibular para esse curso, tendo em vista que nunca poderia exercer a profissão. Contrariando as previsões maliciosas, hoje ela é concursada e atua como dentista de um serviço público. Tem total independência, mora sozinha, dirige não apenas o seu carro, mas sua vida.
Assim como a mãe do Quaden Bayles, eu peço, por favor, eduquem seus filhos, suas famílias, seus amigos para respeitarem, não só essa diferença, mas todas as outras. Gostaria de dizer para esse menino que sim, ele pode tudo o que sonhar. A sociedade anda doente e pensa que pode dizer o que quiser sem sequer exercer um pingo de empatia.
Infelizmente não conheço o Quaden e sua mãe, mas daqui vai meu abraço e o desejo de que um dia saiba que tens na Marília e no Luan excelente representatividade.